sábado, 14 de agosto de 2010

A hora do cansaço

"As coisas que amamos
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade."
 (Carlos Drummond de Andrade, A Hora do Cansaço)

Hoje estou triste, mas estou bem, porque esta tristeza me faz querer dizer algo. Uma calma de espírito do que não se pode evitar (ou antes fazer) me toma, e a pena repousa tranqüila na mão.

Eu queria que você fosse minha, mas isto vai contra os meus valores. Por isso, prefiro que vá embora, mesmo que me sacrifique por isso. A cada vez que você se vai, mesmo que brevemente, é como se levasse um pedaço da minha alma. É diferente dos amores amigos, meu amor amante. Quando aqueles se vão, deixam também um pedaço deles, e sei que, mais dia menos dia, voltam para buscá-lo e devolver o que de mim levaram (e mesmo quando não voltam, o que deixam nos basta). Eles deixam lembranças e nostalgia; você, saudades e melancolia.

Infelizmente, sou antes poeta do que homem, mais de palavras do que de ações, e por isso peço perdão. Um pobre poeta, que não sabe encontrar palavras para seus desejos, ou antes as furta temeroso da interpretação. A quem engano, o que sou de verdade é um metafísico medíocre. Se agora escrevo, é para dar vazão as minhas especulações, e reiterar um hábito de pensamento e sentimento. Escrevo para informar minha impotência, minha incapacidade para te amar – ou antes para poder amar com você - pois mesmo se hoje te encante com palavras bonitas (as quais você é a inspiração), não será sempre que as terei, e a maior parte do tempo serei mais um motivo de insatisfação do que de alegria. Os dias passarão, e tudo acabará. Não guardaremos nada um do outro, a não ser o rancor e a indiferença, e somente digo isso porque assim meus pensamentos se encadeiam e no final é como a estória termina.

Espero um dia saber viver o amor e o desejo, a frustração e a rejeição, e que estas sejam palavras de momento. Ser livre para te invadir, mesmo que depois me expulses. A parte de mim que você leva a cada vez que se vai deixo nesse texto, do qual lamento me despedir nesse instante.

sábado, 7 de agosto de 2010

Gostaria de morrer uma vez, só para saber como é. Uma pena que a morte não pode ser uma experiência. Possivelmente, se fosse, me viciaria em morrer. 

Mas é o fim de todas as experiências. Então, contento me com as do século mesmo.
Enquanto isso, vou vivendo...