domingo, 25 de outubro de 2009

Uma Boa Surpresa!

Poucas vezes, em minha razoável história de espectador de filmes, fui tão surpreendido por um filme como por Adventureland. Primeiramente, pela tradução do nome do filme para o português, que com o patético nome de “Férias Frustradas de Verão”, remete à série de filmes protagonizadas por Chevy Chase, no final dos anos 80. Um amigo indicou-me o filme (Alô Vinicius!), e seu bom gosto para filmes me levou a renegar o preconceito da primeira impressão. Ao procurar mais sobre o filme, as coisas começaram a caminhar para uma promissora expectativa: o filme era dirigido por Gregg Motola, o mesmo de “Superbad”, talvez a melhor comédia dos últimos anos. No elenco, um dos personagens mais engraçados de “Superbad”, além da promissora Kirsten Stewart, cuja beleza juvenil e rebelde vem atraindo a atenção de Hollywood (e a minha) há algum tempo. Estranhei, por não vê-la como atriz de comédia, mas enfim, ainda jovem, nada demais variar um pouco de gênero.


Lançado nesse ano (2009) e saido diretamente em DVD no Brasil, o filme conta a história de James Brennan, um adolescente típico americano, que após terminar a High School, sonha em viajar pela Europa e em culturas mais liberais em relação ao sexo, perder a virgindade. Ocorre que o pai acaba rebaixado de emprego, fazendo o seu sonho ir por água abaixo. Vê-se então obrigado a trabalhar num parque de diversões durante o verão, para poder bancar seus estudos numa Universidade de Nova York. É nesse emprego para losers que James conhece Em, uma misteriosa e bela jovem, que trabalha no parque para irritar a madrasta obcecada pelo status social.

Para quem, como eu, esperava uma comédia tipo Superbad, fazendo graça de absurdas e possíveis situações do cotidiano adolescente, deu com a cara na porta. Porém, se o humor não é tão extasiante, esse filme traz uma grande dose de sensibilidade, ao tratar das difíceis relações entre pais e filhos e das descobertas da juventude. Trazendo um jovem que idealiza o sexo ao ponto da ingenuidade, o filme trata com beleza e naturalidade o tema da virgindade, quebrando assim com os paradigmas das tradicionais comédias adolescentes norte-americanas (jovens em ebulição sexual ávidos por sexo). Jesse Eisenberg dá o tom certo de inocência ao personagem, e Kirsten Stewart coloca o peso devido no papel da garota mais experiente, passando longe dos estereótipos que geralmente são encarnados nesse tipo de papel.

Enfim, uma excelente surpresa, apesar do pacote causar um pouco de receio.

P.S: Que diabos ocorre com as distribuidoras de filmes para o Brasil que fazem essas traduções que descaracterizam totalmente o filme. Por que não deixar Adventureland, em vez de inventar essas traduções toscas?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saindo do padrão


Vou sair um pouco do meu padrão de postagens e comentar rapidamente (são quase duas da manhã e amanhã é dia de branco) dois programas de televisão que me despertaram a atenção e me produziram efeitos distintos.

O primeiro, o qual acabei acompanhando a temporada quase inteira, foi o "Descolados", um seriado jovem que estreou esse ano na MTV (acho tão mais bonito quando falam aquele eMêTêVê bem abrasileirado). Com um elenco talentoso, um argumento bacana (três jovens encontram-se por acaso e resolvem dividir um apartamento em São Paulo, vivendo e dividindo as agruras e alegrias da juventude e da megalópole), estórias divertidas e bem construídas (apesar de nada profundas, produzem um bom entretenimento), além de um formato inovador de cinema digital (não entendo muito, mas me deu essa impressão) para programas desse tipo; torna-se, na minha opinião, um excelente entretenimento para as pessoas que gostam de acompanhar seriados que produzem uma certa identificação com a juventude atual (ou uma parte, talvez eu me encaixe nela, ainda), sem se ater a clichês ou subestimar a inteligência do espectador.

O segundo é o seriado "Aline", que passa na Globo às quintas à noite. Nutria uma certa expectativa em relação a este, devido principalmente ao elenco, destacando o promissor talento da intérprete da protagonista, Maria Flor, e ao mote inusitado de tratar do universo de uma menina meio louquinha com dois namorados e muita estória pra contar. Vou ser sincero. Apesar de ter me encantado pela beleza, simpatia e charme da protagonista, achei o programa bem ruinzinho, com uma falta de quimíca e, diria, até um certo engessamento do elenco, o abuso de clichês na composição dos personagens (uma versão mais inteligente - não é um elogio - da Clarah Averbruck, com dois namorados totalmente descompassados) , além de uma certa falta de leitmotiv na estória em si. Se por um lado, faltou um pouco de talento para o humor  dos atores e do próprio texto; por outro, nos momentos onde se buscou uma certa sensibilidade, explorar um momento mais sério e comovente, como numa cena onde Aline volta a casa onde foi criada e revive em pensamentos os momentos de sua infância e adolescência, me parece que faltou um cuidado mais sensível do diretor na construção do cena.

Talvez esteja sendo apressado, afinal, asssisti apenas a um capítulo desse seriado. Mas aqui deixo minha opinião sobre esse dois programas que me chamaram a atenção, positiva e negativamente.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Procura-se



Tenho estado a procura de algo para me obcecar e ando perdendo bastante tempo a pensar nisso. Deve relacionar-se com meu campo de trabalho (sou historiador, mas não precisa acreditar), a minha preocupação com o desenvolvimento de uma metalinguagem literária que reflita as condições possíveis de estórias, as mais diversas e infinitas escalas de observação do indivíduo, a historicidade do homem e da linguagem, a condição existencial na contemporaneidade (ou na pós-modernidade, dependendo da sua opção teórica). Estou pensando na possibilidade do acaso ser um belo tema para iniciar meu processo obsessivo (...)

domingo, 11 de outubro de 2009

Despertar

Nariz entupido, um pouco escorrendo
Mau hálito e remela no canto do olho
Voz embargada, cara amassada
Olhos inchados, ossos travados
Um imenso bom humor.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Identidade (I)

Alexandre Cabanel, Ophelia, 1883


Sua pele era tão pálida, e mais ficava junto às suas roupas, cabelos e maquiagem negras. Ouvia sempre uma música muito triste. Dizia a todos que vivia por viver e que em nada acreditava. Sua crença era afirmar a descrença. Lia Nietzsche, Heidegger, Camus, Sartre, e se dizia existencialista. Andava com gente parecida, viviam a fumar cigarros importados, beber cervejas importadas e conversar sobre a aspereza da vida. Tinha aforismos para tudo. Diziam pouco se foder para a miséria e a pobreza, afinal a existência já era em si cruel o bastante. Competiam para saber quem era a pior pessoa, a mais desprezível, a que mais havia sofrido. A menina era conhecida principalmente pelos panegíricos contra o amor, mas vivia sempre enrolada num novo relacionamento dedicado a dar errado, e lamentava-se a cada homem que a decepcionava, ou a quem decepcionava.


Era incrivelmente feliz assim!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


De nada adianta insistir numa relação que se resume ao prazer físico. Não é amor, não é vida. É dependência e auto-destruição. O homem vai mais além. Eu posso ir mais além!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lembrança

Sem título, 1980, Museu de Arte Erótica Romeo Zanchett


O meu primeiro gozo

tua boca a provar o gosto

do meu desejo pelo seu corpo

Aspirando suspiros

Devorando gemidos



O relevo suave dos seus pêlos

acariciando o meu rosto

Na trilha de beijos pelo seu corpo

Onde deixei meu desejo

E gozei de arrepios.

sábado, 3 de outubro de 2009

Predição

Jean-Louis David, A morte de Marat, 1793.
O que faço de melhor nessa vida? Advinha? Lamentar-me. Sou o campeão, tão bom que lamento a possibilidade de haver alguém que lamente mais e melhor do que eu. Alguém que vá tão fundo quanto eu. Alguém que receba a melhor notícia do mundo e fique pensando que aquele momento de felicidade vai acabar e sofra a alegria! Alguém que não consegue ter nem a dignidade de ficar triste por achar não haver motivo para tristezas, e que certamente está agindo errado!
Sim, essa pessoa sou eu, sadly (por quê essa idiotice de escrever em inglês?).
Passei quase o dia todo ouvindo Beatles. Isso me faz uma pessoa legal?! Vou aos Democráticos dentro de uma hora. Antes, encontrar um amigo. Vou beber, fumar e conversar,e essa parte será boa (sempre é). Depois de algum tempo, vamos entrar, meu amigo, a namorada dos sonhos dele, e eu. Ficarei ouvindo o bom samba, olhando as meninas, invejando os bons dançarinos e querendo ser alguém que não sou. Vou beber mais, fumar mais, tentar encontrar alguma diversão, forçar-me a dar em cima de alguém, ficar sem jeito e levar um fora que me deixará tão sem graça que passarei o resto da noite ensimesmado, sentindo-me um homem nu em rede nacional. O sentimento vai passar, vou fingir um entusiasmo para não estragar a noite (afinal, tenho que manter a aparência de "rapaz legal que sabe se divertir"), esperar as três ou quatro, pegar meu ônibus, me masturbar um pouco, e dormi meio grogue pelo efeito do álcool.

Amanhã não farei nada, e passarei a maior parte do tempo pensando no que deveria estar fazendo.Talvez na segunda acorde bem, estude alguns pares de horas e volte a me sentir bem.

Tem certas coisas que parecem que nunca vão mudar!