segunda-feira, 18 de julho de 2016

Notas dispersas

E quando saímos à rua, olhamos e sentimos em busca, sem saber o que falta entre nós. Tentamos preencher com o mundo ao nosso alcance e atingimos o pleno por pouco tempo. O corpo dorme, e descemos da altitude à depressão de quando abrimos os olhos. Não nos contentamos, e vivemos à espera.
Somente descobrimos quando compreendemos a falta como nossa humanidade inevitável e desistimos de saber.

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Esperava paciente o momento em que as ondas chegariam. Quando as senti penetrando o salão, o convite para o abraço foi minha escolha pela fatalidade. Se não houvesse permissão, nos salvaríamos. Não quisemos, e afundamos pouco a pouco na fluidez de nosso peso desfeito sob a força em movimento do que nos afogava. Passamos a existir numa totalidade que nos preenchia , ondas, eu, ela, o espaço.
Abrimos os olhos para a salvação indesejada. Cúmplices, nos despedimos, à espera da próxima inundação.
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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Descrição de sonho

Manhã de primeiro de julho.

Embarcava clandestinamente na estação de trem subindo pela plataforma. Parecia Campo Grande. Aproximadamente três homens, talvez brancos, aproximavam-se, ameaçadores. Um deles carregava um bastão que parecia um cano de pvc. Sinto a ameaça, mas sou alcançado e o homem me derruba num ataque com o bastão nas minhas pernas.

Os homens me cercam, mas consigo levantar e subo pelas escadas da estação. Vislumbro  a vontade de pular sobre a composição que chegava à estação. Há um lapso e me vejo andando por ruas escuras. Nas portas das lojas fechadas, observo moradores de rua, de aparência suja, se preparando para dormir. Sigo caminhando e observando, amendrontado.

Sinto-me impregnado pela marginalidade que me cerca.