Quero aproveitar esta noite. Não vou para a gandaia, muito menos encontrar a mulher amada. Não vou me encher de drogas, nem encontrar aqueles velhos amigos para relembrar nossos momentos memoráveis. Definitivamente não!
Esta noite de sábado, onde a maioria dos jovens de minha idade estão se acabando na mais pura diversão, aproveitando a flor da juventude, cá estou,completamente sozinho. Também sem cerveja, cigarros ou televisão. Só há meus pensamentos, incrivelmente calmos, a lâmpada acesa da sala, o barulho do ventilador de teto nesta quente noite de primavera.
Ao contrário do que possam pensar, não há nostalgias ou frustrações.Reina uma certa paz de espírito, a respiração calma, um sutil inebriamento de sono. São aproximadamente onze horas da noite, embora não importe muito. O corpo descansa no sofá, o queixo nas costas da mão esquerda. A mente trabalha sem pressa. Na mão direita, um lápis, a escrever numa folha de caderno.
Anota-se as divagações desse momento suspenso, onde tudo parece sem importância. A ponta do grafite desenha as letras de uma estória sendo contada (e esse é o exato momento da criação) e registrada, como uma oferenda do tempo presente ao tempo futuro. A estória de uma noite que um homem dedicou somente a ele próprio, a contemplar seus pensamentos em palavra escrita.
Qualquer esforço encontra-se ausente. Os segundos e minutos não são percebidos, pois nada há que lembre o tempo. O sentimento é de um estranho prazer, sem êxtase, medido e tranqüilo. Não se consome, não se relaciona, não se deseja. Não há lembranças. Só eu existo, nesse diálogo silencioso comigo mesmo. Não há utilidade para nada, ou interesse, somente um homem, que numa noite, não quer fazer nada além de escrever sobre sua falta de vontade em fazer algo sem ser escrever deitado sobre a sua noite desinteressante.
Há desânimo, mas não tristeza. Uso as palavras do jeito que quiser, no tempo verbal que bem entender, na pessoa que me der na telha. E se eu quiser repetir as palavras, frases, orações inteiras, eu faço. Aqui eu mando mesmo sem estar com muito saco para mandar. Pinto e bordo. Classifico e nomeio as coisas do jeito que quiser. Posso ser viado, pedófilo, maconheiro.....até flamenguista. Aqui, nenhuma categoria do convencional mundo social vale. É meu, só meu (e não há posse, pois só há eu) , e faço desse reino das minhas letras o lugar das minhas realizações e desejos (mesmo que nenhum me acometa nesse momento).
E pouco importa se essa noite não valer de nada. Ela foi feita pra não valer, pra não se viver, apenas deixar passar, como passa enquanto penso no ponto final depois de escrever fim.
Esta noite de sábado, onde a maioria dos jovens de minha idade estão se acabando na mais pura diversão, aproveitando a flor da juventude, cá estou,completamente sozinho. Também sem cerveja, cigarros ou televisão. Só há meus pensamentos, incrivelmente calmos, a lâmpada acesa da sala, o barulho do ventilador de teto nesta quente noite de primavera.
Ao contrário do que possam pensar, não há nostalgias ou frustrações.Reina uma certa paz de espírito, a respiração calma, um sutil inebriamento de sono. São aproximadamente onze horas da noite, embora não importe muito. O corpo descansa no sofá, o queixo nas costas da mão esquerda. A mente trabalha sem pressa. Na mão direita, um lápis, a escrever numa folha de caderno.
Anota-se as divagações desse momento suspenso, onde tudo parece sem importância. A ponta do grafite desenha as letras de uma estória sendo contada (e esse é o exato momento da criação) e registrada, como uma oferenda do tempo presente ao tempo futuro. A estória de uma noite que um homem dedicou somente a ele próprio, a contemplar seus pensamentos em palavra escrita.
Qualquer esforço encontra-se ausente. Os segundos e minutos não são percebidos, pois nada há que lembre o tempo. O sentimento é de um estranho prazer, sem êxtase, medido e tranqüilo. Não se consome, não se relaciona, não se deseja. Não há lembranças. Só eu existo, nesse diálogo silencioso comigo mesmo. Não há utilidade para nada, ou interesse, somente um homem, que numa noite, não quer fazer nada além de escrever sobre sua falta de vontade em fazer algo sem ser escrever deitado sobre a sua noite desinteressante.
Há desânimo, mas não tristeza. Uso as palavras do jeito que quiser, no tempo verbal que bem entender, na pessoa que me der na telha. E se eu quiser repetir as palavras, frases, orações inteiras, eu faço. Aqui eu mando mesmo sem estar com muito saco para mandar. Pinto e bordo. Classifico e nomeio as coisas do jeito que quiser. Posso ser viado, pedófilo, maconheiro.....até flamenguista. Aqui, nenhuma categoria do convencional mundo social vale. É meu, só meu (e não há posse, pois só há eu) , e faço desse reino das minhas letras o lugar das minhas realizações e desejos (mesmo que nenhum me acometa nesse momento).
E pouco importa se essa noite não valer de nada. Ela foi feita pra não valer, pra não se viver, apenas deixar passar, como passa enquanto penso no ponto final depois de escrever fim.
Um comentário:
Cara, que belo texto!!
Soube passar bem a sensacao de solidao que a gente se encontra em casa a noite. E saber conviver com essa solidao de forma boa. Pois quase ninguem consegue..
Muito bom mesmo, me identifiquei
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