Era como se não houvesse o que esperar, e a passagem do tempo deixasse de ser um fardo, uma dor. Era como se cada momento vivido fosse o melhor até aquele instante. E era eu, tão somente, o responsável por aquela mudança. Não me perguntem como consegui alienar dos sentimentos a dor, a ansiedade, a angústia. Sinceramente não sei. De um instante para outro, adquiri o poder de encontrar o êxtase em cada nuance do presente imediato, e tudo além deixava de importar. O mais impressionante é que, na minha caixa de lembranças, estava tudo lá. O desejo pelas mulheres, pelo conhecimento, as imagens de paisagens bonitas que conheci e que gostaria de conhecer, as reminiscências palatativas, o gosto do chocolate, o prazer de fumar depois do almoço num dia frio. Não obstante, deixava de ser urgente, não mais ansiava desesperadamente. Era como se o dispositivo de acionamento da vontade tivesse sido tirado do automático, e o da admiração, contemplação, trabalhasse em sua mais alta potência. Este despertar me deixou perplexo. Estava realmente disposto a explorar este novo homem que nasceu naquela manhã de março.
Não havia pressa.
Não havia pressa.
5 comentários:
Ah, eu conheço pouca coisa dele, sabe...mas gosto do que conheço.
:)
me sinto assim tb..putz..muito legal..alguém..comentar sobre..isso...legal memso!
Não deve ter pressa mesmo...
Engraçado que mudança me "perseguiu" hoje... conversas em casa, conversa com amigo, matéria na TV, links no twitter e no fim mudanças no seu blog também...
E que bom que vc foi até o final do texto... por conta disso conheci "Documentos de uma vida imperfeita" Gostei daqui!
Até!
=]
Também sinto, do nada, uma coisa que me leva à tentativa de uma mudança progressiva. Essa coisa é a própria vontade de ser mudado. Uma mudança que é lenta, homeopática e que muitas vezes não funciona, porque uma outra vontade, que é a de não ser mudado, surge instantaneamente e, com mais força, devora aquela que quer transformar.
Porque as vezes é bom "renascer"...
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