terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre a infância

"Escrevo para tranquilizar a ansiedade, e assim ao escrever percebo que é como fumar, uma espécie de alívio mas também de dependência." (Eddie Russell, Memórias Esparsas, p.102)

Sabe, às vezes me sinto velho, principalmente quando me dá vontade de escrever sobre a minha infância. Faz pouco tempo que passou. Tenho só vinte e seis anos. O Lobão, com cinqüenta, escreveu para perdoar. O Rubem Alves, com mais de oitenta, para reviver nas memórias uma outra infância. Quando releio meus textos, tenho a impressão de que escrevo "o passado" (vou deixar como escrevi) para sair dele. Mesmos nas linhas doces sobre meu padrinho, existe uma certa tristeza., talvez amargura, ao mesmo tempo revolta, vontade de libertação.

Pouco disse sobre minha avó, então vou dizer mais um pouquinho agora. Aprendi com ela o "defronte", advérbio de lugar que ninguém mais usa, mas que é bonito de usar.  Também o "Paulo de Frontem", para se referir à avenida Paulo de Frontim. Se alguém me corrigir, confirmo o jeito que aprendi, pois o certo não é o português correto, o nome exato, mas a relação que construímos com o lugar e seu nome durante nossa estória. Minha avó ainda está viva (e espero que viva muito mais), mas mesmo velho, distante, cada vez que essas palavras me vierem ao ouvido ou a boca, a imagem dela, em forma de lembrança ou saudade, as acompanhará.

Mas ainda não escrevo para tranquilizar a saudade....

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