Sabia que não parava de me olhar um só instante, como se acaso desviasse o olhar, fosse me perder.
Não queria ser abandonada. Apesar de saber que nunca a abandonaria, ela temia. Temor do sono, do sonho, onde existia a possibilidade da minha ausência.
Temor da morte.
Olhava-me como se fosse o último e fino fio que a ligava a existência.
Na compaixão sentida pelo contato do seu olhar, encontrava a fragilidade da vida em mim, um medo de me quebrar no outro.
Nada supre quem parte porque nos partimos, e nunca é mais a mesma coisa. Falta a vida inteira nossa parte partida.
A gente já nasce sendo partido, e vai se partindo até nossa vez de partir. Mas partimos imenso, pois também fundimos, soldando nas partes partidas, crescendo, embora com aqueles buracos deixados pelos encaixes quebrados.
O mosaico de um cemitério de azulejos.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário